sexta-feira, outubro 13, 2006

Fenilcetonúria

É uma doença hereditária de transmissão autossómica recessiva. O gene mutado está localizado no cromossoma 12 e vai provocar um defice da fenilalanina hidroxilase hepática (FAH) alterando todo o metabolismo da fenilalanina.A fenilalanina é um aminoácido essencial que é catabolizado em tirosina na presença da FAH. Para que este sistema de hidroxilação funcione, além desta enzima é necessário um cofactor, a tetrahidrobiopterina (BH4) e ainda a enzima-chave para a regeneração do cofactor, a dihidropteridina redutase (DHPR). As hiperfenilalaninemias podem ser devidas a um défice da FAH, em cerca de 98% dos casos, ou a um défice quer da síntese de BH4, quer da sua regeneração por défice de DHPR, que são as chamadas "formas malignas" (2% dos casos). Nestas situações o metabolismo da tirosina e do triptofano estão também afectados, em virtude da BH4 ser também o cofactor das enzimas do metabolismo dos precursores dos neurotransmissores, e consequentemente da dopamina e serotonina. A apresentação clínica da Fenilcetonúria clássica não tratada está associada a atraso mental e psicomotor, microcefalia, hipertonia, diplegia, comportamento agressivo, autismo, eczema cutâneo e alteração da cor dos olhos e cabelos. A forma maligna é caracterizada por sinais neurológicos a partir dos 2-6 meses de idade: convulsões, mioclonias, hipotonia axial e hipertonia dos membros, hiperreflexia, hipersalivação, dificuldade na deglutição, microcefalia e atraso psicomotor. A morte pode ocorrer entre os 3 e os 5 anos. O tratamento das hiperfenilalaninemias por défice de FAH, assenta numa dieta hipoproteica e restrita em fenilalanina, em que a ingestão deste aminoácido está limitada ao nível de tolerância dos doentes. Podemos definir "tolerância" como a quantidade diária de fenilalanina da dieta que permite manter o equilíbrio metabólico e assegurar um ritmo de crescimento normal. Nos casos de Fenilcetonúria clássica a tolerância oscila entre 250-500 mg de fenilalanina por dia. O objectivo da dieta é manter os valores de fenilalanina no sangue entre 2 e 6 mg/dl, sento os controles laboratoriais processados semanalmente até ao ano, quinzenalmente até aos 3 anos e mensalmente a partir desta idade. A dieta deve ser iniciada antes do mês de idade para evitar lesões cerebrais irreversíveis, e deve ser mantida durante toda a vida. Nas formas malignas por défice de BH4, a terapêutica proposta inclui ainda a administração de BH4 por via oral. A dose recomendada é de 1-5 mg/kg/dia em toma única ou dividida em duas.
Fonte: www.diagnosticoprecoce.org